quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Lost In Translation


A primeira vez que vi este filme, foi numa sessão de cinema, tinha eu dezanove aninhos. Nunca mais voltei a vê-lo e apesar de todos os elogios, resistia-lhe, porque essa primeira vez me havia deixado um gosto amargo na boca. A verdade é que o nosso estado de espírito tem tanta influência no que vemos, como o que vemos tem no nosso estado de espírito.
If you’re feeling stuck, the movie will suck.
Por diversas vezes pensei neste filme, mas a coragem (ou vontade) de o ver de novo faltava-me e foi numa decisiva conversa recente que me decidi oferecer a mim mesma esta experiência.
Revi-o esta semana e este é sem dúvida uma das melhores obras de cinema contemporâneo. A mestria e precisão de Sofia Coppola, sobretudo na junção entre imagens e som, bem como o talento dos actores dão luz a um dos projectos mais lúcidos que já vi. Diz-se tudo sem palavras.
O espanto que Bill Murray sente é não só compreensível como expectável, sobretudo para quem já esteve do lado de lá.
O inconformismo que Scarlet Johanson sente é uma realidade corrente no imparável mundo actual.
A solidão e desencanto que ambos sentem é apenas o reflexo do inevitável conflito que a passagem do tempo provoca.
Às vezes questiono-me o que se passa do outro lado do mundo. Quão diferentes são as vidas que as pessoas vivem.
É no silêncio que a proximidade nasce. E é neste lost in translation que nos sentimos todos no incessante burburinho diário.

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