sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Johnny Guitar



Depois de ver o filme fiquei com a estranha sensação do nome ser desajustado à película. E tenho a certeza que depois de o verem, muitos sentiram o mesmo.
Nunca simpatizei com Joan Crawford, ou melhor, nunca me interessei mais por esta talentosa e enigmática actriz dos anos dourados. Penso que tal se deve à minha enorme devoção por Bette Davis e sendo as duas grandes rivais, nem mesmo esse magnífico confronto de gigantes que é Whatever Happened To Baby Jane me deu vontade de explorar mais esta grande senhora.
Algumas palavras sobre este filme e uma tarde desocupada foram o mote necessário para visualizar finalmente esta película. Já lá vão uns meses, mas a sensação que tive no final do filme continua presente.
Trata-se duma obra grandiosa de Nicholas Ray passada no faroeste, com homens de pistolas em punho e mulheres tremendamente fortes. Aliás, embora se pense que os durões deste tipo de filmes são os homens, a verdade é que as verdadeiras heroínas são as mulheres, seres duma força que resiste a tudo. E a verdade é que estes filmes não estão assim tão longe da realidade, afinal são as protagonistas femininas os seres de garra do dia-a-dia, os seres de verdade, os seres de coragem, os seres sem medo, os seres inconformados, os seres decisores. Esse ser é particularmente carismático na pele de Crawford, a verdadeira estrela do filme. É no seu olhar atormentado e todavia esperançoso que nos revemos. É na sua resiliência em que queremos acreditar. É do seu olhar e da sua voz que são concebidos os melhores momentos desta obra, sobretudo no confronto com o Johnny que dá nome ao filme, confronto esse que espelha a célebre frase de Vinicius: “a vida é a arte do encontro, mas há tanto desencontro por aí”.
E o tempo perdido é sempre irrecuperável.

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