domingo, 25 de dezembro de 2011

Dead Poets Society




Um dos melhores filmes que vi, um dos melhores livros que li.
Esta obra recupera de forma intensa a inocência da juventude, com todos os seus sonhos, angústias e dúvidas.
É uma obra maior porque mostra a importância que o exemplo tem no imaginário juvenil. O professor é um ser extraordinário por poder inspirar pessoas, moldando-lhes ideias e visões. O Professor pode inspirar cada um a pensar, a descobrir-se a si próprio, a explorar cada recanto de si, de modo a poder aceder às ferramentas de gestão do seu próprio ser.
Um leque de jovens e talentosos actores, encabeçados pelo Captain Robin Williams dão vida a uma das mais belas histórias de sempre, tendo como base a poesia.
As palavras têm uma força desmesurada (sobretudo na idealista mente da juventude) e a poesia é a maneira de “morder como quem beija”. É o modo de dizer de forma bela o que é vulgar ou expor de forma simples o que parece inexplicável. É a delícia dos olhos, o deleite da boca, o delírio dos ouvidos. Ou nas magníficas palavras que dão início a Folhas Caídas de Garrett (que li quando tinha a idade dos protagonistas do filme e, tal como eles, fiquei maravilhada pela magia da poesia):

"O meu deus desconhecido é realmente aquele misterioso, oculto e não definido sentimento de alma que a leva às aspirações de uma felicidade ideal, o sonho de oiro do poeta.
Imaginação que porventura não se realiza nunca. E daí quem sabe? A culpa é talvez da palavra, que é abstracta de mais. Saúde, riqueza, miséria, pobreza, e ainda coisas mais materiais, como o frio e o calor, não são senão estados comparativos, aproximativos. Ao infinito não se chega, porque deixava de o ser em se chegando a ele.
Logo o poeta é louco porque aspira sempre ao impossível. Não sei. Essa é uma disputação mais longa.
Mas sei que as presentes Folhas Caídas representam o estado de alma do poeta nas variadas, incertas e vacilantes oscilações do espírito, que, tendendo ao seu fim único, a posse do ideal, ora pensa tê-lo alcançado, ora estar a ponto de chagar a ele - ora ri amargamente porque reconhece o seu engano - ora se desespera de raiva impotente por sua credulidade vã.
Deixai-o passar, gente do mundo, devotos do poder, da riqueza, do mando, ou da glória. Ele não entende bem disso, e vós não entendeis nada dele.
Deixai-o passar, porque ele vai onde vós não ides; vai, ainda que zombeis dele, que o calunieis, que o assassineis. Vai, porque é espírito, e vós sois matéria.
E vós morrereis, ele não. Ou só morrerá dele aquilo em que se pareceu e se uniu convosco. E essa falta, que é a mesma de Adão, também será punida com a morte.
Mas não triunfeis, porque a morte não passa do corpo, que é tudo em vós, e nada ou quase nada no poeta."


“I went to the woods because I wanted to live deliberately,
I wanted to live deep and suck out all the marrow of life,
To put to rout all that was not life and not when I had come to die
Discover that I had not lived.”

É o trecho que inicia cada sessão do Clube que dá nome ao filme, Clube esse que ao qual todos almejamos pertencer, essa intrínseca necessidade de pertença juvenil.
E estes versos de Thoreau exprimem de forma singular essa busca pela liberdade e a verdade, que se procura, sobretudo, quando se é jovem e se acredita em ideais e os sonhos ainda não foram desmistificados pela máquina. Apenas a natureza consegue restituir essa pureza de espírito, daí os versos serem tão vivos.
Uma ode à poesia e à vida.

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