segunda-feira, 5 de março de 2012

Extremely Loud & Incredibly Close


Este tema será sempre actual: a perda dos entes queridos e a maneira de se lidar com essa inevitabilidade.
Antes de mais é de felicitar o excelente trabalho de todos os protagonistas, nomeadamente o extraordinário Thomas Horn e o discreto, mas fundamental Max von Sydow. É um filme que vive sobretudo das interpretações, no longo caminho de superação dum evento traumático, um dos momentos mais marcantes da história contemporânea ocidental: o 11 de Setembro de 2001, o dia em que tudo mudou.

As pessoas procuram respostas, procuram sentidos, porque 1 + 1 = 2; mas a vida não são equações e nem sempre há explicação para os acontecimentos com que somos confrontados.
A perda, a ausência é sempre dificil de superar. Aceitar essa irreversibilidade é, talvez, o grande segredo da vida.
Mas nesse processo de aceitação, nessa busca de saber como lidar com o tema, tentamos desesperadamente encontrar explicações, onde elas não existem. Tentamos encontrar uma lógica, uma razão, algo que nos demonstre o porquê das coisas serem como são. É uma busca que poderá nunca cessar.

"Ne cherche pas les "parce que" - en amour il n'y a pas de "parce que", de raison, d'explication, de solutions." Anais Nin

A vida é feita de pessoas que amamos, pessoas que nos rodeiam, pessoas que nos marcam, que nos ajudam a formar a nossa identidade. E, naturalmente, quando a vida nos arranca essas pessoas é dificil superar esse brusco acontecimento. Nessa busca de resposta vamos encontrando pequenas maneiras de lidar com o assunto. Nas palavras do protagonista, uma desilusão é melhor do que nada. Pelo menos tem-se uma resposta, uma fronteira, algo que nos marque o caminho e nos permita encerrar um assunto e prosseguir a longa caminhada, algo que nos dê um certo desprendimento em relação a tudo, porque só assim conseguiremos viver sem buscar incessantemente respostas e justificações que não existem.

"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."
Miguel Sousa Tavares

4 comentários:

  1. Adoro esse texto do Miguel Sousa Tavares, é tão real, verdadeira, diria que me consegue abanar algumas estruturas. Pelo simples facto de por vezes, me achar "dona" de alguns instantes, sei que na realidade não sou, mas sabe bem pensar assim. No entanto, é bom termos a noção que nada se perde verdadeiramente, porque nada é nosso em todo o seu esplendor!
    Ainda não vi esse filme mas quero ver...assim como muitos outros que tens falado aqui.

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  2. Adorei o filme e a companhia...ainda bem que vamos fazendo estas descobertas da vida as duas juntas! =)

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  3. Acabei de ver este filme que adorei e quis ver o que se falava na internet sobre ele. Supus logo que já o tivesses visto e por isso vim ver o teu blog. De facto concordo contigo, mas no filme há mais coisas que me deixaram a pensar e gosto muito de filmes assim.
    Já desde os óscares que não passava por aqui, mas continuas na mesma! É sempre bom ler criticas tão bem feitas :)

    Beijinho.
    Gabi.

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  4. Acabei de ver este filme que adorei e quis ver o que se falava na internet sobre ele. Supus logo que já o tivesses visto e por isso vim ver o teu blog. De facto concordo contigo, mas no filme há mais coisas que me deixaram a pensar e gosto muito de filmes assim.
    Já desde os óscares que não passava por aqui, mas continuas na mesma! É sempre bom ler criticas tão bem feitas :)

    Beijinho.
    Gabi.

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