quarta-feira, 12 de outubro de 2011

The Tree Of Life


A aceitação é a chave de tudo. Embora esta frase simples seja aparentemente fácil de compreender e realizar é talvez o grande dilema com que nos debatemos até ao último instante.
Mallick traz-nos com esta obra-prima mais um poema em forma de filme, alternando imagens de infinita beleza dum universo profundamente imprevisível e poderoso, com a história duma família, que nos leva ao questionamento do nosso próprio percurso, do sentido do todo, da casualidade do mundo e do poder da natureza. Há nitidamente duas forças antagónicas sobre as quais o universo assenta: a natureza e a graça, sendo cada uma representada por um dos progenitores da família (encantador trabalho de Jessica Chastain e Brad Pitt).
Há aqui um desespero face à vida, no confronto com o percurso que ela própria vai desenhando para atravessarmos. Uma sensação de inutilidade no todo: nos pequenos dramas diários, nas grandes alegrias, na rotina sufocante, no conjunto da existência. Há, simultaneamente também, a sensação de dádiva do dia-a-dia, como se cada novo amanhecer fosse algo único provocado pela casualidade que pode ou não vir a repetir-se.
Deus estará porventura no silêncio, na aceitação, na luz. A luz que nos guia e que existe em cada um de nós, frequentemente sufocada pela escuridão a que nos reservamos. Talvez porque essa mesma luz é também ela um reflexo da fugacidade de tudo, que o Homem, como ser pensante, tem dificuldade em aceitar – recusa essa certeza apoteótica.
A permanência é quase uma necessidade intrínseca da condição humana e a libertação é alcançada com a (difícil e dolorosa) aceitação da árvore da vida.

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