segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O Refúgio

Grande parte da magia do cinema vem de mostrar, sobretudo, a grandiosidade em todo o seu esplendor.
Mostrar cada pormenor e eternizá-lo para sempre na tela e, consequentemente, na memória de quem o testemunha é um acto de magia. Não é a toa que se dizia que os actores são feitos da mesma matéria de que são feitos os sonhos.
E, mais do que eternizar o momento, o cinema tem a particularidade de deixar para o imaginário muitas coisas, nomeadamente o tempo, que parece voar, ou o dia-a-dia rotineiro dos protagonistas, que parece ser inexistente, ou ainda o resto da história, que após a resolução, parece ser de eterna felicidade.
Para além de todos estes pontos, o cinema tem ainda outro factor essencial que contribui para a sua magia o The End no final da película. Embora, agora já em desuso, o The End está sempre subjacente à experiência duma película, que tem delimitação no tempo. Sabemos que vai sempre acabar e sabemos como terminou. Podem ficar variantes por decidir e que podemos debater até à exaustão, mas o todo está lá. Não se pode acrescentar ou retirar nada e essa terminação dá-nos um certo conforto.
Embora, o cinema seja uma imitação da vida, esse conforto cinematográfico apenas surge na vida real quando a história também termina. Só que até a história terminar há imensos, mais do que muitos, momentos banais que o cinema não capta. E, daí o cinema nos parecer tão perfeito e encantador, e a vida muitas vezes insípida e imperfeita.
E é por essa razão que o cinema é o refúgio por excelência. É esta a magia do cinema: resumir a vida aos momentos que marcam a memória.

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