segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Dangerous Method



Cronenberg é um realizador muito particular. Os seus filmes possuem traços estranhos, nem sempre apreciados pelo público em geral. Este não é excepção. Trata-se dum filme singular, nomeadamente pelas pessoas sobre as quais se debruça e tão ou mais importante, as ideias defendidas por essas mesmas pessoas.
O leque de actores deste filme é brilhante. Temos o, já habitual nas obras de Cronenberg, Viggo Mortensen, que mais uma vez desempenha um papel com o seu nível de excelência. Desde A History Of Violence, passando por Eastern Promisses, esta colaboração entre actor e realizador tem vindo a tomar lugar de forma bastante frutífera. Temos também uma repetição do elenco de Eastern Promisses, noutro excelente actor de nome Vincent Cassel. Depois temos uma actriz da qual nunca gostei particularmente, mas devo dizer que a sua prestação neste filme me convenceu: Keira Knightley. Acho que o trabalho desenvolvido nesta película é de elevada qualidade e atrevo-me a afirmar que poderá originar muitos prémios. E, por último, temos ainda a magnífica interpretação de Michael Fassbender, um actor que se tem vindo a revelar cada vez mais e mais talentoso.
Para além deste rico leque de actores, as personagens que cada um interpreta conferem de imediato uma certa grandeza e curiosidade ao filme. Assim, cada um deles representa, respectivamente, Sigmund Freud, Otto Gross, Sabina Spilrein e Carl Jung.
A história é bastante interessante e está muito bem desenvolvida ao longo da película. Não será de estranhar que tal conjunto de personagens se debruce sobre a sexualidade e todos os meandros psicológicos associados à mesma. Deveremos de facto ceder ao desejo, em toda e qualquer circunstância, como algo natural, como defende Gross? Ou deveremos, como seres racionais, em sociedade, reprimir certas e determinadas vontades, conforme se questiona Jung? Estará a sexualidade reprimida por trás de cada um dos nossos sonhos e pensamentos inconscientes, como parece acreditar Freud? Ou haverá outras razões subjacentes às dúvidas e angústias da nossa mente? Será que o acto sexual é simultaneamente criador e destruidor, conforme defende Spilrein? Estaremos condenados, como seres pensantes em sociedade, a reprimir as nossas vontades? Ou fazemo-lo não por necessidade social, mas por uma necessidade interior?
Mais importante do que revelar e debater todas estas questões, é o passo que cada uma destas pessoas deu no sentido de compreender as razões por detrás das mesmas. E é na ligação e confronto entre pessoas e ideias que nos revelamos e compreendemos a nós próprios. E a compreensão será, possivelmente, o primeiro passo para a libertação.

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