Holy Motors… O que dizer deste filme?
Vou começar pela primeira sensação que o filme deixa: ódio. Sim: ódio! O filme é odioso, porque nos questiona sobre uma série de coisas que é suposto existirem e fazerem ou (darem sentido à) vida. Nessa medida, é nojento pela maneira como somos levados dum cenário para outro, dum personagem para outro até àquele final pateta e atrevido. Afinal o que é isto? Quem é este ousado Leos Carax que nos confronta com tudo o que temos como certo, tudo o que temos, tudo o que somos? Afinal quem somos?
Sai-se do cinema com uma sensação pesada, como se nos tivessem questionado tudo, como se nada fizesse sentido, como se o filme fosse uma série de nonsense, cenas e cenas, umas atrás das outras que se vão sucedendo sem aparente lógica ou sentido. O filme é genial: sim. É genial pela sua originalidade.
Passados uns dias, depois de digerir o filme (porque este é um daqueles filmes que precisa de algum – muito – tempo para ser digerido) permanece a genialidade do filme e aqueles sentimentos de ódio e nojo vão-se esbatendo. Vão-se esbatendo no ridículo do dia-a-dia, esbatendo-se no sentido de humor (algo negro) que acompanha o filme e que fica na memória. Esbatendo-se nos risos e sorrisos diários. E se tudo é nonsense resta-nos algo mais do que a alegria? Do que rirmo-nos de nós e de todo este espectáculo que criámos?
Denis Lavant tem aqui uma interpretação notável, imensa como a vida. Primeiro é o rosto que odiamos, desdenhamos. Depois, gradualmente, é o rosto que compreendemos, com quem nos identificamos, que aceitamos e com quem nos rimos.
Holy Motors é um filme que vai fundo. E isso dói. Não tem meio termo: ou se adora, ou se odeia.
Perturbador!
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