domingo, 20 de outubro de 2013

Thelma and Louise



Duas actrizes extraordinárias, um realizador espantoso, duas amigas na estrada, um road movie pelas áridas e intermináveis paisagens americanas, e temos os ingredientes para um filme promissor.
Acabei de rever Thelma and Louise e relembrei a razão pela qual este filme tem um estatuto mítico.

Ridley Scott é um dos realizadores que mais admiro. Filmes como Blade Runner, Alien ou Gladiator são marcos na história do cinema.
Adoro o ritmo e a originalidade dos filmes com que nos brinda.
Neste caso, deu ao road movie uma nova definição.

Susan Sarandon é uma das minhas actrizes preferidas. Aqueles expressivos olhos enormes são capazes de transmitir as mais variadas sensações (nomeadamente em Dead Man Walking). É uma senhora cheia de classe, uma lutadora e a sua versatilidade artística permite-lhe abraçar qualquer papel.
Geena Davis era a minha heroína nos anos 90. Um dos meus sonhos de miúda era ser uma action lady como ela em Cutthroat Island ou The Long Kiss Goodnight, papéis inspiradores para uma jovem com sede de aventuras. Mulher de armas, actriz admirável e também um dos rostos mais bonitos que o cinema já viu.



Estas duas compinchas estão perfeitas como grandes amigas que embarcam numa aventura sem retorno.

A grande aventura americana: um carro e a estrada livre pela frente.
Ora, neste caso, a estrada livre pela frente é tudo o que estas mulheres têm. E a aventura dura o tempo em que se aguentarem no asfalto com Harvey Keitel no encalço.

Sim: porque este elenco, para além das duas grandes protagonistas tem secundários de destaque.
Um jovem Keitel feito incansável e compreensivo detective - antítese daquilo a que normalmente o associamos - um actor igualmente talentoso. 
Michael Madsen, novíssimo e igual a si próprio.
E, também, jovem que nem uma flor na Primavera, Brad Pitt, num dos seus primeiros filmes, numa aparição tão breve como fulgurante.

Este filme é sobre como uma série de circunstâncias podem mudar o percurso duma vida (ou duas) de forma irreversível. As escolhas que se vão fazendo pelo caminho - sobretudo à medida que as opções se tornam curtas ou até mesmo inexistentes - definem a densidade da viagem que fazemos. E, em última instância, aquilo que somos.

"Something crossed over in me. I can't go back. I just couldn't live."


Com a indumentária perfeita para esta jornada (jeans e t-shirt (e há indumentária mais perfeita do que essa?)), de cabelo ao vento e sorriso no rosto, estas mulheres protagonizam um dos filmes mais emblemáticos do cinema, uma obra de destaque nos road movies.

Thelma e Louise serão recordadas no imaginário de todos os amantes de viagens de carro, em que a liberdade cresce à medida que nos fundimos com o asfalto.

No meio da perseguição, um momento de paz, um cigarro saboreado por entre os silenciosos rochedos feitos testemunha, no grandioso Grand Canyon.

O apoteótico final é uma das razões pelas quais o filme é tão mítico, uma espécie de Butch Cassidy and The Sundance Kid, versão feminina anos 90.

Já não se fazem filmes assim.



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