sábado, 12 de outubro de 2013

Rush


O meu tio materno adorava fórmula 1. Era particularmente colado na Ferrari. Recordo-me de ele me oferecer vários ferraris pequeninos quando eu era também pequenina e do hábito que tinha de dizer “um ferrari não é um carro, é um sonho”.
Niki Lauda é um nome que não me era estranho,  provavelmente advindo dessa paixão do meu tio e da admiração que nutriria pelo piloto.

Hoje fui ver o Rush e confesso que não fazia ideia do que ia ver. Sabia que era de Fórmula 1, mas não sabia pormenores (a não ser que é com o Chris Hemsworth, mas isso não conta).
O filme é brilhante e a história de Niki e do seu opositor/parceiro de corridas James Hunt é apaixonante - naturalmente a sétima arte faz magia e romantiza a realidade.
Ron Howard tem uma realização brilhante em Rush, colando o espectador à cadeira, fazendo as unhas desaparecerem a cada nova volta. O ritmo do filme é muito bem conseguido e as cenas de pista alternam com cenas de bastidores numa simbiose perfeita.
As sequências das corridas e, em particular, a do famoso acidente a que Lauda sobreviveu a muito custo na Alemanha são duma primazia soberba. Outro pormenor a destacar é o som dos motores, bem como as imagens de toda a engenharia dum veículo a funcionar no momento imediato ao arranque. Quase que conseguimos cheirar o combustível a queimar e o cheiro do rasto de borracha dos pneus.

Lauda é uma pessoa com uma história de vida absolutamente extraordinário, ao qual Rush vem prestar homenagem.
Hunt é, em termos de atitude, o oposto de Lauda. 
Se um é frio e calculista, o outro é uma explosão de labaredas.
Lauda é tenaz, persistente, incansável e perfeccionista. A sua condução e a sua atitude são tão mecânicos como o carro que conduz, tornando-o um dos melhores pilotos de sempre.
Ele sabe o que é necessário para um carro ser imbatível e sabe qual o tipo de condução que deve ter para tirar o máximo partido do veículo, com o máximo de segurança possível.
Já Hunt é destemido e o seu desconhecimento de mecânica aliado à sua feroz paixão, torna-o uma fera na pista.



O que motivava (e aqui a palavra inglesa “drive” resultaria melhor) ambos era sobretudo a competição um com o outro. Estes dois opostos tão complementares aceleravam incessantemente na busca da resposta a “quem é melhor”.
A precisão de Lauda e a paixão de Hunt tornaram-nos numa das duplas mais emblemáticas da Fórmula 1.

"Os que vivem intensamente não têm medo de morrer." Anaïs Nin
Para além da velocidade, a grande paixão destes dois pilotos devia-se à capacidade de desafiar a morte.

Posso dizer que o facto de desconhecer a história de ambos tornou o filme mais emocionante para mim.

Quer Chris Hemsworth, quer Daniel Brühl (soberbo) têm interpretações dignas de aplausos.

Tenho a certeza que se o meu tio visse este filme sorriria e ficaria com certeza satisfeito com este inspirador retrato de dois campeões complementares e apaixonantes.

Imperdível!



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