terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

J. Edgar


Antes de mais nunca fui da opinião de que Leonardo DiCaprio era mais um menino bonito (primeiro, porque à data (estamos a falar especificamente de Romeo and Juliet e Titanic) não achava que tivesse os atributos que as mulheres tanto lhe atribuíam; segundo porque ao contrário da maioria dos que diziam essas baboseiras eu tinha visto os filmes anteriores do rapaz, já então demonstrativos do seu enorme talento (nomeadamente What's Eating Gilbert Grape (este também com uma excelente prestação dum jovem Johnny Depp), The Basketball Diaries e, claro, Total Eclipse, no qual interpeta esse poeta mítico de nome Rimbaud)).

Segundo ponto: Eastwood é um dos melhores realizadores actuais e é raro (eu diria até nunca) trazer uma obra que desiluda. Os filmes deste mestre cinematográfico são sempre duma qualidade inegável e duma grandiosidade latente.

Portanto, com um cabeça de cartaz desta envergadura e um realizador deste nível, J. Edgar só podia ser o filme brilhante que é.

Para além de DiCaprio, o elenco possui aquela que é a par de Meryl Streep e Helen Mirren, uma das melhores actrizes no activo: Dame Judi Dench, que interpreta a afável e inquebrantável mãe de Edgar.
Temos também outro enorme talento, uma das melhores actrizes da sua geração: Naomi Watts, como fiel secretária de Hoover (e o que seria destes homens poderosos sem a sua leal servente?).
Temos ainda, um dos apetitosos gémeos de The Social Network: Armie Hammer, como o companheiro de vida de Hoover, o número 2 do FBI, para além de outros talentosos actores que desfilam as mais diversas e célebres personagens da história norte-americana.

Goste-se ou não de Hoover, fosse ou não mesquinho, o que é certo é que Hoover ajudou a criar o sistema de investigação como o conhecemos hoje e foi um dos principais impulsionadores da base científica como trunfo das autoridades. Para além disso, teve a audácia e a visão de o fazer numa época em que os crimininosos eram heróis e os inovadores eram de desconfiar. Estas razões são suficientes para tornar Hoover um homem admirável.
Mas admiráveis ou não, todos somos humanos, e, como tal, todos temos defeitos.
Em My Week With Marylin referi que é difícil associarmos sentimentos humanos a pessoas que vemos como deuses, pessoas que admiramos, pessoas que parecem estar acima de qualquer falha. Apesar de Hoover ser o primeiro a tentar cultivar esse culto, estava longe de ser perfeito, como o filme demonstra à medida que vai decorrendo. E era demasiado humano, para alguma vez ter sido idolatrado de forma tão veemente como as estrelas de cinema.

Hoover foi um homem corajoso com uma enorme paixão pela investigação, que encontrou no amor a sua grande força. Primeiro no amor materno, mais tarde no amor romântico. E, foi nesse amor, que Edgar se apoiou para fazer face a épocas tão diversas, criminosos tão sofisticados e inimigos tão improváveis, como ele próprio.

DiCaprio tem aqui mais uma interpretação notável e nem mesmo as lentes de contacto castanhas escondem a expressividade daquele olhar.
Eastwood dirige de forma perfeita aquele que é um dos melhores filmes do ano.

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