Recordo-me de ter este filme gravado numa cassete antiga e de o ver repetidamente quando era pequenita e acreditava que Tom Hanks e Meg Ryan seriam sempre dois actores que admiraria.
Chamaram-lhe Sintonia do Amor e, aparentemente, se há filme que esteja sintonizado naquilo a que chamam de amor é este. Aparentemente porque depende do que é o amor e o amor é diferente para cada pessoa. Para uns é essa coisa mágica e inexplicável que o filme mostra. É no fundo um passo no vazio, um acto de fé. Para outros é um refúgio, um porto seguro, a certeza nos dias mais imprevísiveis e negros. É a coragem para enfrentar as intempéries. É o encontro com a força que tantas vezes nos parece faltar dentro de nós próprios.
O amor é liberdade. É livre como o vento. Não é controlável nem previsível. Simplesmente acontece. Tentar dominá-lo ou domá-lo de alguma maneira é anti-natural. É como colocar uma anilha num pássaro.
Mas o ser humano tem medo. Tem medo da rejeição, do abandono, da solidão, da morte. E a maneira de combater esse medo é através do amor. Só que os modelos da sociedade impõem a vivência do amor duma maneira muito mais regrada e controlada do que seria suposto que a nossa natureza o vivesse. Impõem uma certa obrigatoriedade na vivência do amor como forma de eclipsar o medo ou capturar a força interior. (Que faz sentido se falarmos dum amor geral e incondicional, mas não se nos referirmos ao amor romântico a que este post se dirige.)
Todos queremos acreditar que há uma certa magia, uma certa simplicidade e facilidade nesse passo de fé. Todos queremos acreditar que o encontro, representado de forma magistral no topo do Empire State Building num dia especial (num piscar de olhos ao An Affair To Remember, constantemente mencionado ao longo do filme), é mesmo possível.
E é! Só não acontece assim tantas vezes como isso. E quando acontece, temos mesmo de o agarrar, porque o tempo é irreversível.
E é por isso que filmes como Sleepless In Seattle irão sempre povoar o imaginário de todos os sonhadores.
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