Tinha dezasseis anos quando vi este filme, no cinema, pela primeira vez. Recordo-me perfeitamente do genérico, que começava com alguém a escrever a lápis o título do filme. E recordo-me do impacto que teve no meu imaginário juvenil: tornou-se de imediato um dos meus filmes preferidos, e ainda hoje o recordo dessa forma.
A música (como é natural, tendo em consideração a temática base) é duma enorme riqueza, dando vida a alguns dos momentos mais mágicos do filme.
O leque de actores foi brilhantemente escolhido, sendo as interpretações duma sintonia perfeita, havendo inclusivamente duas actrizes nomeadas para a categoria de melhor actriz secundária dos Óscares da Academia (Frances McDormand e Kate Hudson).
O argumento é soberbo e não é por acaso que vence o prémio de melhor original nesse ano.
Basicamente a história centra-se num rapaz certinho que vai acompanhar uma banda de rock durante a digressão em que se consagrarão como um dos grupos mais mediáticos e promissores da época. O filme é baseado na própria experiência do realizador.
A juventude é uma das épocas mais bonitas da vida. Normalmente a percepção desse facto só chega anos mais tarde com uma certa maturidade. A juventude é a época de descobertas, sonhos e risos. Pode ser dramático, por vezes, crescer; sobretudo à medida que nos vamos apercebendo e ganhando consciência dessa inevitabilidade e, consequentemente, da irreversibilidade do que se experiencia. Há coisas que acontecem uma só vez, mesmo que as repitamos até à exaustão, porque cada vivência é única e irrepetível. Essa descoberta pode provocar uma sede de viver, que aliada a uma certa inocência característica da idade, originam uma série de loucuras e alegrias que tornam esta fase extremamente esplendorosa. Mas, como em muitas coisas da vida, só nos apercebemos disso depois dos momentos passarem no tempo, mas se nos revelarem na mente ou no coração vezes e vezes sem conta.
É nesses momentos (em que ansiamos pelo que aí vem, ou em que relembramos o que passou) que muitas vezes desvalorizamos e esquecemos a única coisa na qual podemos realmente ter um impacto directo: o presente. Esquecemos também que só existe uma maneira de honrarmos esta dádiva que se nos estende diariamente (e que, por essa razão, subestimamos sucessivamente): vivê-la intensamente. O mais importante não é onde estamos e, por vezes, nem mesmo com quem estamos; mas sim como nos sentimos: “I have to go home.” “You are home!”.
A amizade é um dos pilares mais importantes da juventude (diria até do ser humano), é nela que nos revemos, que nos apoiamos, que nos descobrimos. É também nela (com ela e/ou por ela) que nos construímos e fortificamos, à medida que o que nós esperamos do mundo e o que o mundo nos dá vão ou não sendo a mesma coisa. Este processo é natural e desejável, só que muitas vezes esquecemos os sonhos e risos e achamos que já não há mais descobertas.
A descoberta é diária, se escolhermos viver com olhos de descoberta e, consequentemente, os risos serão mais frequentes (e intensos) e os sonhos serão intermináveis. Ou nas palavras de James Dean: “Dream as if you’ll live forever, live as if you’ll die today.”
Sometimes we don’t know it and when we do, we constantly forget it along the way, but: “Home is where the heart is.” And the heart is always where we are!
Um filme que retrata uma época única e irrepetível na cultura ocidental em geral, e no rock americano em particular, emitindo uma "vibe" intensa e viva!
ResponderExcluirEm julho 2011, durante o concerto dos suecos Graveyard (Barcelos @ Milhões de Festa), só pensava nos Stillwater..!