É importante começar por referir que este complexo romance foi adaptado por três realizadores sui generis: Lana Wachowski, Andy Wachowski e Tom Tykwer. E o que consta do curriculum deste trio? Os irmãos Wachowski realizaram um dos filmes de referência do século passado: The Matrix. Realizaram também os dois volumes seguintes dessa saga, mas se o deveriam ou não ter feito já é outra história. Tykwer realizou, entre outros, a belíssima e difícil adaptação do best-seller de Patrick Suskind: Perfume: The Story Of A Murder. Quer no caso de Matrix, quer no de Perfume, o argumento foi escrito pelos realizadores (Tykwer em conjunto com Bernd Eichinger e Andrew Birkin).
Posto isto é natural que a expectativa em relação a Cloud Atlas fosse muito elevada, para além da curiosidade inerente à adaptação cinematográfica dum livro desta natureza.
O argumento foi adaptado pelo trio, com toda a confiança depositada pelo autor (David Mitchell), que refere em entrevistas que estes realizadores são pessoas mais do que competentes e experientes na arte de adaptação, de modo que não sentiu qualquer necessidade de interferir.
De facto, imagino que o romance seja bastante complexo e, nesse sentido, considero a adaptação cinematográfica bem conseguida (embora apenas quem leu o livro possa dar uma opinião mais fidedigna neste campo).
Cloud Atlas é um filme marcante que capta o espectador desde o primeiro instante. Temos não uma, mas diversas histórias interligadas. "We are bound to others." Cada história ocorre num determinado período de tempo e vamos avançando ou recuando de acordo com o desenrolar de cada uma.
Temos um elenco versátil e talentoso. Somos captados desde o primeiro instante pelos dramas, risos e mistérios que se nos apresentam.
Gostei particularmente da história do compositor. A magnífica interpretação de Ben Whishaw (que já havia colaborado com Tykwer em Perfume) é notável, tal como é apaixonante todo o percurso da personagem: a sua força, a sua coragem, a sua maneira de viver. A sequência final desta história é duma beleza ímpar, com a voz em modo off do actor a revelar pensamentos dignos de nota, acompanhando uma série de imagens de rara poesia.
E parafraseando Sonmi-451: "From womb to tomb, our lives are not our own. We are bound to others. Past and present. And by each crime; and every kindness we birth our future".
Um filme imperdível pela qualidade, originalidade e, sobretudo, pelas ideias subjacentes, tão verdadeiras e intemporais.
Adorei este filme. Nunca tinha pensado na vida desta forma e nesse aspecto este filme marcou-me muito. Mas agora tenho de o voltar a ver ou até de ler o livro no qual se basearam para assimilar melhor esta teoria.
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