Este filme é super antiguinho e provavelmente se o revir agora não lhe reconheço as características que faziam as minhas delícias quando era adolescente.
Este é um daqueles filmes que vi vezes sem conta e nunca me fartava.
Primeiro que tudo é de ficção científica: tem uma abordagem muito interessante, pois a guerra desenrola-se com uma raça de aracnídeos extra-terrestes, ou seja, o planeta está todo unido na mesma batalha.
Os actores parecem saídos dum catálogo de tentacões e as sequências de accão que Paul Verhoeven filma são normalmente apelativas.
Eu devia andar no 7o ou 8o quando estava viciada em Starship Troopers.
A mesma altura em que eu e a minha colega de carteira alugávamos filmes no clube de vídeo da vila e íamos para minha casa nos dois dias da semana em que não tinhamos aulas de tarde para as nossas sessões de cinema.
Foi assim que vimos os Alien e também clássicos (como o The Exorcist) do cinema de terror (e alguns fiascos desse mesmo género pelo meio).
Ela usava as (agora outra vez tão em voga) All Star e tinha uma panca pelo vocalista dos Nirvana. Ainda me lembro das sapatilhas terem o primeiro nome dela seguido de Cobain escrito. Também gostava imenso de lilás, era a sua cor de eleição que usava em looks totais ou com pelo menos uma peça nesse tom.
Recordo-me disto como se tivesse sido ontem. Como se estivesse a abrir a cassete e a rebobiná-la para vermos o filme. Como se ainda sentisse o cheirinho das pizzas individuais que comprávamos na pastelaria da esquina.
São estas coisas que ficam. Para mim é como se ela nunca tivesse crescido. Essa minha colega vai ser sempre a minha companheira de carteira, com quem me ria durante as aulas e dizia parvoíces (na altura não havia telemoveis nem facebook e mais tarde talvez um olhar sobre o que a era cibernetica mudou na juventude e na percepção que a memoria tem).
O tempo da infância e da juventude são curiosos, porque têm destas coisas.
É como se cá dentro a nossa idade não fizesse sentido. Há dias em que sentimos que vivemos imenso e há outros em que parece que ainda estamos nas traquinices do 7o ano.
É como se cá dentro a nossa idade não fizesse sentido. Há dias em que sentimos que vivemos imenso e há outros em que parece que ainda estamos nas traquinices do 7o ano.
Há muitos filmes e, sobretudo, séries que associo a essa época: Baywatch (um pouco antes), Tropical Heat, Mad About You, The Highlander, Seinfeld (um pouco mais tarde), talvez porque era uma altura em que consumiamos imensa televisão.
Starship Troopers é dessa mesma época. Vi-o e revi-o tantas vezes que é inevitável que sinta novamente o gosto da juventude na boca quando penso no filme.
Starship Troopers pode não ser genial (que eventualmente poderei comentar mais tarde quando o conseguir rever brevemente), mas tem ideias e sequências ainda hoje muito originais.
A maneira como a sociedade está estruturada e, mais importante que tudo, a tal utópica união que a Humanidade vive no filme são bastante curiosas. Aliás, infelizmente, essa união parece só estar ao alcance de nós se realmente seres alienigenas invadissem o nosso querido planeta.
Outra ideia subjacente ao filme (que não é no entanto explorada) é a capacidade que temos (teremos) de pressentir determinadas coisas, no caso a percepção extra sensorial de conseguirmos comunicar com os tais seres. E a ideia de que o medo (pelo menos como instinto de sobrevivência) é um sentimento comum a todos os seres vivos, independentemente da raça.
Starship Troopers é, portanto, especial para mim: recordarei sempre como o filme dos meus 12, 13 anos. Um filme cujo pensamento me transporta para uma outra época, quase uma outra dimensão, em que as responsabilidades eram nulas e a decisão mais dificil era decidir que filme escolher para essa tarde e em que imaginávamos que Humanidade significava o mesmo para todos os seres humanos.
Ser adulto tem coisas maravilhosas, podendo uma delas ser a clareza de espirito, mas não há nada como o nebulosidade da juventude. Ou sera o inverso?
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