Ridley Scott, Michael Fassbender, Brad Pitt, Cameron Diaz, Javier Bardem: o que se pode esperar destes nomes reunidos senão maravilhas?
Diz-se por aí que o ideal é não ter expectativas em relação a nada. Não ter expectativas em relação às pessoas, aos filmes, às cidades, à vida.
Quando alguém tem uma reputação que o precede, quando a obra dum profissional nos é familiar, quando a qualidade a que nos habituaram é elevada, é difícil não ter expectativas.
No caso particular do cinema, as expectativas podem arruinar um filme, por não irem de encontro às nossas ideias pré-concebidas em relação à obra.
Posto isto, é óbvio que por muito que eu não quisesse estar à espera do melhor isso era inevitável.
The Counselor não só atinge as expectativas como as ultrapassa. O filme é genial!
Ridley Scott é um dos realizadores que mais admiro. Muito versátil, tanto dirige ficção científica de forma subliminar (Alien ou Blade Runner (um dos melhores sci fi movies de sempre) ou ainda Prometheus), como nos traz filmes épicos sonantes (Gladiator, Kingdom of Heaven ou Robin Hood), filmes de guerra com substância (Black Hawk Down ou Body of Lies) ou ainda a reinvenção do road movie (Thelma and Louise - anteriormente abordado neste blog).
The Counselor inscreve-se num género diferente dos acima mencionados: filme de crime em torno do universo do narcotráfico.
As personagens de Scott são normalmente fortes ou descobrem dentro de si uma força desconhecida ao longo do filme. Os seus filmes são também caracterizados por uma certa violência, entre o realista e o subtil.
Scott reúne nomes sonantes que dão corpo ao filme de forma magistral.
Temos um Brad Pitt que dispensa apresentações, veste sempre as personagens que nem uma luva e é um dos actores mais camaleónicos de sempre.
Cameron Diaz numa prestação muito interessante e diferente do que lhe é habitual. Diaz consegue por vezes surpreender aceitando papéis mais arrojados, como é o caso desta sua endiabrada Malkina.
Javier Bardem actor talentoso e versátil, sempre muito competente.
Penelope Cruz, talento variável, sempre duma elegância imaculada, está à altura do papel.
Fassbender - digno de óscar (ainda não compreendi como não houve - pelo menos - a nomeação por Shame) - é um dos melhores actores da actualidade.
O seu "Counselor" é extraordinário. Fassbender é um actor extremamente expressivo, que tem a capacidade de transmitir as mais variadas sensações com um só olhar, uma só expressão ou um só gesto. Actor destemido, Fassbender entrega-se às personagens com uma força avassaladora, sendo este papel mais um exemplo disso mesmo.
Esta interpretação é forte, segura, comovente.
À semelhança de outros casos (e depois de Russel Crowe), Scott tem aqui uma parceria com Fassbender, repetida após Prometheus. Quer o teor do filme, quer a personagem são completamente divergentes. No entanto, a mestria em ambos os filmes e interpretações é inegável.
Há parcerias que são aquilo a que se poderia chamar match made in heaven: DiCaprio e Scorcese, Mortensen e Cronenberg, Dern e Lynch, Bale e Nolan, Fassbender e McQueen,
Thurman e Tarantino, apenas para citar alguns.
O ritmo assemelha-se à elegância dum leopardo a deslocar-se.
O guarda-roupa é extraordinário, captando bastante bem os traços de cada personagem, contribuindo até para revelar um pouco mais de cada um, numa fase inicial do filme.
Também os cenários e toda a sequência de cenas estão muito bem conseguidas e realistas, adaptando-se à crueza do que nos vai sendo revelado.
A banda-sonora é cuidadosamente escolhida para cada cena, transmitindo toda a crescente tensão que se vai fazendo sentir.
Um filme adulto, com um enredo intrigante e personagens densas.
Imperdível para amantes de cinema de qualidade!
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